como chegar feliz e produtiva aos 85 anos de idade!
Neide Paoli Vieira
Como é
bom rever velhas amigas depois de um longo período de afastamento.
Aconteceu esta semana, quando, em uma reunião, avistei uma pessoa de cabelos
brancos, risonha, bonita e nela reconheci minha amiga Neide Paoli Vieira, feliz
da vida, em seus gloriosos 85 anos de idade! Levei um choque… Neide, 85 anos….
como é possível! a gente esquece que o tempo passa rápido e ela estava tão bem
que eu quis saber o segredo de tanta vitalidade. Pedi que compartilhasse a fórmula
com a gente. Eis o texto de uma bela lição de vida. Obrigada, Neide
Minha amiga Ana
Maria me pede um texto sobre o enfrentamento deste momento em que vivo o resto
dos meus dias. Claro que boto a inteligência a serviço de minha felicidade
pessoal. Já disse o compositor Braguinha: “a vida não tem bis”. E eu vivo em
constante celebração a ela. Tudo é movimento. Procurar amigos, comunidades,
gente com quem eu possa me expressar e dançar ao som de músicas
maravilhosamente escolhidas. Isso eu realizo duas vezes por semana em meu
querido grupo de biodanza da Escola Paulista de Biodanza, das mestres Marlise e
Angelina. O que é Biodanza? É um sistema que favorece o desenvolvimento humano
por meio de vivências integrativas, induzidas pela música. Saio de lá revigorada.
Ouço músicas de Mozart a Cartola. Enfim, na Biodanza, a dança da vida, criada
pelo chileno Rolando Toro, trabalhamos muito a afetividade. Procuro atividades
a semana inteira. Faço exercícios para as minhas pernas e joelhos com o
professor Cristiano Monteiro na esperança de usá-las para subir as escadas de
castelos na próxima viagem que farei a Portugal. Leio diariamente a Folha e o
Estadão e assino várias revistas, adoro ler à noite. Procuro não pensar, assim
não me canso e tenho tempo para ouvir músicas e mais músicas. E, dessa forma, a
vida vai me levando. Tenho fé, eu creio e peço a Deus para aumentá-la cada vez
mais. É isso que posso oferecer a você, minha amiga, testemunha de uma
determinada época da minha jornada. Termino com um texto de Cora Coralina, do
qual gosto muito e se faz extremamente pertinente neste momento:
“Eu não tenho
medo dos anos e não penso em velhice. E digo prá você, não pense. Nunca diga
estou envelhecendo ou estou ficando velha. Eu não digo. Eu não digo que estou
ouvindo pouco. É claro que quando preciso de ajuda, eu digo que preciso. Procuro sempre
ler e estar atualizada com os fatos e isso me ajuda a vencer as dificuldades da
vida. O melhor roteiro é ler e praticar o que lê. O bom é produzir sempre e não
dormir de dia.Também não diga
prá você que está ficando esquecida, porque assim você fica mais. Nunca digo que
estou doente, digo sempre: estou ótima. Eu não digo nunca que estou cansada.
Nada de palavra negativa. Quanto mais você diz estar ficando cansada e
esquecida, mais esquecida fica. Você vai se convencendo daquilo e convence os
outros.
Então silêncio!
Sei que tenho muitos anos. Sei que venho do século passado, e que trago comigo
todas as idades, mas não sei se sou velha não.
Você acha que
eu sou?
Tenho
consciência de ser autêntica.
Procuro superar
todos os dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que
é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e
determina os fortes.
O importante é
semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade. Procuro semear
otimismo e plantar sementes de paz e justiça. Digo o que penso, com esperança.
Penso no que
faço, com fé. Faço o que devo fazer, com amor. Eu me esforço para ser cada dia
melhor, pois bondade também se aprende.”