terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Biodança pode ser benéfica para mulheres com fibromialgia


Biodança pode ser benéfica para mulheres com fibromialgia

Cristina Almeida

Uma sessão de biodança por semana, por três meses, parece ser o suficiente para melhorar o quadro de dor em mulheres com fibromialgia, além de aprimorar sua composição corporal. Esse é o resultado de uma pesquisa dirigida por Ana Carbonell-Baeza, do departamento de Educação Física e Desportiva da Universidade de Granada, na Espanha.

Cono nasceu a biodança

A biodança, ou Biodanza (como é chamada pelos praticantes) é criação do psicólogo Rolando Toro Araneda, então docente da Pontifícia Universidade Católica de Santiago e da Escola de Medicina da Universidade do Chile.

Na década de 1960, Toro definia a Biodanza como um “Sistema de integração afetiva, renovação orgânica e reaprendizagem das funções originárias da vida”. A técnica desde o início valorizou o poder da dança e da música, pois se baseava em pesquisas científicas sobre as respostas neurovegetativas a determinados movimentos. As observações indicavam relação com ações reguladoras viscerais, ativação dos sistemas simpático adrenérgico ou parassimpático colinérgico (envolvidos com a produção de adrenalina e estímulo respiratório e movimento).

Tais exercícios teriam o poder de deflagrar vivências específicas, cujos efeitos sobre a percepção de si mesmo e sobre o estilo de comunicação com outras pessoas eram altamente significativos. Daí toda metodologia da Biodanza induzir vivências integradoras por meio da música, do canto, do movimento e de situações de encontro em grupo.

O estudo, publicado pelo Journal of Alternative and Complementary Medicine, em outubro passado, somou-se a outra investigação semelhante, realizada por especialistas em enfermagem no Brasil. Pesquisadores das Universidades do Ceará e de São Paulo, em 2008, já concluíram que a biodança pode atenuar patologias, como transtornos mentais, diabetes e hipertensão arterial, especialmente na população idosa.

Para Maria Angelina Pereira e Maria Luiza Appy, diretoras da Escola Paulista de Biodanza (este é o nome original da modalidade), tais resultados apenas confirmam o que elas já observaram em mais de 25 anos de prática.

De acordo com as especialistas, o método idealizado pelo psicólogo chileno Rolando Toro, na década de 1960, foca cinco potenciais humanos: vitalidade, sexualidade, criatividade, afetividade e transcendência. “Todos esses elementos são acionados por meio de exercícios vivenciais, orientados para o equilíbrio das funções psicológicas e respiratória. Além disso, eles auxiliam na recuperação de habilidades motoras, eliminam tensões, rigidez muscular e sintomas psicossomáticos”, explica Angelina.

Segundo Appy, todos podem se beneficiar da prática, até mesmo portadores de alguma necessidade especial. Embora a biodança basicamente não apresente contra indicações, Angelina afirma que algumas situações requerem maior atenção: “Casos pré psicóticos ou psicóticos devem ser acompanhados por profissionais especializados”.

As aulas exigem atividade grupal com a participação de, ao menos, 8 pessoas. As atividades são semanais e têm duração média de duas horas. Esse tempo é dividido por uma parte verbal, e outra de movimento-dança. A recomendação das especialistas é que a freqüência seja mantida, até que se incorporem as vivências, ou se consolidem as mudanças alcançadas. “Cada pessoa é responsável pelo seu processo, e vivencia o que é possível para seu momento de vida”, fala Angelina.

De acordo com a diretora, já nas primeiras aulas é possível sentir algumas diferenças na forma de se comunicar consigo e com os outros. A percepção do corpo em movimento, o cuidado pessoal e a auto-estima se modificam. “E tudo repercute na capacidade de estar presente, se posicionar e perceber o que se sente e como se interage com o mundo. A saúde física e psicológica agradece", diz.

As especialistas relatam ainda várias situações de superação que vão desde depressão, melhora da qualidade de vida em pacientes com Parkinson, até reabilitação de menores delinqüentes. “Biodanza não cura o mal, mas melhora o ânimo dos doentes”, diz Marlise. Ela também garante que a modalidade melhora a auto-estima, o humor e a comunicação. "As pessoas ficam mais conscientes de suas possibilidades e limites, e isso lhes confere maior sensibilidade em relação à própria vida”, conclui Angelina.

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